sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

retrato...




retrato à memória do José Dantas

acabavas
- cata-vento de humores -
ora com a fúria e paixão,
ora com a paciência e mestria
do rio,
os troncos que nele recolhias.
eras a última camada
dum processo natural,
a erosão pura
na sua forma final.
e, artista sempre na ribalta,
quando os teus ventos
não puxavam
o que, por incompreensão,
baptizávamos de escultura,
pegavas na máquina,
deixavas no papel
a forma como nos vias
e na nossa memória
a pose que, quase sempre,
eras tu quem fazia,
mesclando, do lado inverso,
o teatro na fotografia.

                             (Fragmentos de Sombras)

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