segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

A SARRADA DA VELHA



É mais uma celebração herdada dos rituais de passagem do paganismo, um deitar fora o velho inverno para deixar espaço ao surgir da nova primavera. Em Ponte de Lima, como em diversos outros locais, adquiriu expressão particular. Embora lhe chamemos sarrada, esta prática parece, de há muito, quiçá de sempre, afastada do nosso viver a tradição. Não sarramos, queimamos. O testamento, pelo menos desde Plácido, posteriormente com Guerrinha, vai para a Queima do Judas, ali no alvorecer de outro ritual de passagem, não pagão mas cristão, a Ressurreição de Cristo. E - a não considerar o azulejo existente nos Terceiros (aqui reproduzido), que será “da primeira metade do século XVIII ou dos fins do século anterior”[i], como mera coincidência, para mais no meio de tantas figurações fantásticas - eram os mais jovens que se encarregavam da execução do rito. Eram e são, como se poderá ver já na próxima quarta-feira.
[i] - Conforme, Luiz Augusto d’Oliveira, “Azulejos do convento de S.to António de frades capuchos”, pp.248/255, Almanaque de Ponte de Lima, 1923. Embora, no mesmo texto, não sabemos se por gralha, ao tentar atribuir a autoria dos azulejos, se remeta para a segunda metade do século XVIII.

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